Se o perigo mora ao lado, a casa é o refúgio. O artista plástico e designer norte-americano Michael Jantzen especializou-se em design de abrigo, construções ecologicamente corretas e autossustentáveis (elas não dependem de empresas fornecedoras de energia, porque sua energia vem do sol e do vento). Parece que ele espera que algo de ruim vá acontecer numa fração de segundos. É preciso proteger seus donos; é preciso escapar./ If danger is near, the house is the refuge. US artist and designer Michael Jantzen specialized himself in shelter design, environmentally friendly and self-sustaining constructions (they do not depend on energy suppliers, because their energy comes from the sun and wind). It seems that he expects something bad to happen in a fraction of a second. It is necessary to protect their owners; it is necessary to escape.
Mas escapar do quê? Fugir do quê? Bomba atômica? Chuva ácida? Ataques terroristas? Façam as sua apostas, mas preparem-se para uma resposta tão inusitada quanto as construções que ele faz./But escape from what? Run away from what? Atomic bomb? Acid rain? Terrorist attacks? Make your bets, but prepare yourself for an answer as unusual as the constructions he makes.
Entre os seus principais projetos estão: Home-Scape, Hide Away House, M-House, Autonomous Emergency Rescue Shelter, Jantzen House, Autonomous Dwelling, Homeless Shelters, M-Velope Shelter e Cyber Pod Backyard Office. Alguns já foram construídos; outros são ainda projetos não executados./ Among his main projects are: Home-Scape, Hide Away House, M-House, Autonomous Emergency Rescue Shelter, Jantzen House, Autonomous Dwelling, Homeless Shelters, M-Velope Shelter, and Cyber Pod Backyard Office. Some have already been built; others are still non-executed projects.
Jantzen é formado em Belas Artes pela Southern Illinois University (1971) e em Multimídia pela Washington University, St. Louis, Missouri (1973). Em arquitetura, ele é autodidata. Seu trabalho sobre abrigos está documentado em livros, jornais, revistas e na Internet e é reconhecido no mundo todo, sobretudo no que se refere à eficiência energética das construções. Ele vem pesquisando tudo isso por mais de 40 anos, com exposições no Canadian Center for Architecture, Harvard School of Design and Architecture e Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York. / Jantzen holds a BA in Fine Arts from Southern Illinois University (1971) and in Multimedia from Washington University, St. Louis, Missouri (1973). In architecture, he is self-taught. His work on shelters is documented in books, newspapers, magazines, and on the Internet, and it is recognized worldwide, especially with regard to the energy efficiency of buildings. He has been researching all this for more than 40 years, with exhibitions at the Canadian Center for Architecture, Harvard School of Design and Architecture, and Museum of Modern Art (MoMA) in New York.
Altherswanke: Do que você tenta escapar construindo abrigos?/ From what do you try to escape by building shelters?
Jantzen: Do presente. Quero chegar logo ao futuro ou a um outro domínio desconhecido. O desconhecido me excita./ From the present. I want to get soon to the future or another unknown domain. The unknown excites me.
Altherswanke: Quais são as principais características dessas construções esculturais?/ What are the main characteristics of these sculptural constructions?
Jantzen: Elas são autossustentáveis em energia. O mobiliário é básico./ They are self-sustaining in energy. The furniture is basic.
Altherswanke: O que inspira você?/ What inspires you?
Jantzen: Genericamente, a arte, natureza, ciência, reportagens sobre guerras e música eletrônica./ Generally, art, nature, science, articles on wars, and electronic music.
Altherswanke: Você é um artista plástico. Como a arquitetura surgiu na sua vida?/ You are an artist. How has architecture come into your life?
Jantzen: Como artista plástico, comecei a construir estruturas em 1967. O tempo passava e elas tornavam-se maiores e maiores, tanto que era possível viver nelas. Foi assim que a arquitetura surgiu na minha vida./ As an artist, I started building structures in 1967. Time passed and they became bigger and bigger, so much that it was possible to live in them. That was how architecture came into my life.
Altherswanke: Como ser artista plástico ajuda no seu trabalho arquitetônico?/ How being an artist helps in your architectural work?
Jantzen: Ser artista plástico me faz mais aberto a pensar de modo não convencional./ Being an artist makes me more open to thinking in an unconventional way.
Altherswanke: Você segue uma rotina de trabalho?/ Do you follow a work routine?
Jantzen: Costumo começar fazendo desenhos simples. Depois, construo modelos de plástico, cheios de detalhes./ I usually start by doing simple drawings. Then I build plastic models, full of details.
Altherswanke: Como serão as casas no futuro?/ How will be the houses in the future?
Jantzen: Elas serão cada vez mais customizadas, com novos materiais e técnicas. Elas deverão tornar-se cada vez mais imateriais, já que, a cada dia, as informações não materiais ganham mais espaço. Um bom exemplo disso é o meu projeto Virtual Reality Interface, no qual muito do que se experimenta na casa não é físico; é informação visual e virtual./ They will be increasingly customized, with new materials and techniques. They are bound to become increasingly immaterial, as every day non-material information gains more space. A good example of this is my Virtual Reality Interface project, in which much of what is experienced in the house is not physical; it is visual and virtual information.
Altherswanke: Como você analisa nossas casas atuais?/ How do you analyse our current houses?
Jantzen: Sua estética ainda é muito enraizada no passado e seu objetivo é gerar o máximo de dinheiro possível para os construtores./ Their aesthetic is still very much rooted in the past and their goal is to generate as much money as possible for the builders.
Altherswanke: Na sua opinião, por que seus abrigos não são uma realidade como possibilidade habitacional?/ In your opinion, why your shelters are not a reality as a housing possibility?
Jantzen: Porque a maioria das pessoas é presa a convenções estéticas, desejando suas casas iguais a quaisquer outra casa que já viram. É uma pena./ Because most people are stuck on aesthetic conventions, wishing their homes to be equal as any other house they have ever seen. It is a pity.